Companheiro e companheira,
Na condição de dirigente sindical e de alguém que acompanha a conjuntura política brasileira reconheço estarmos atravessando grandes dificuldades. Projetos dos mais diversos em tramitação no Congresso Nacional e eivados de medidas antissindicais estão sendo elaborados como barreiras as nossas ações voltadas a atender aos interesses da classe que vive do trabalho.
Tais ações não têm outro propósito senão fragilizar ainda mais os sindicatos de modo que a exploração do trabalho se dê sem reação dos órgãos de representação.
O fortalecimento das negociações coletivas é por demais importante, porém depende decisivamente do direito à liberdade e autonomia sindical. Autonomia que está sendo ameaçada por projetos de leis produzidos pelo que tem de pior na política brasileira, e sem que esbocemos qualquer reação contrária a isto.
A liberdade sindical diz respeito a liberdade de associação, como também um direito à organização que hoje está sendo cerceada por ausência de uma clara definição sobre o financiamento sindical.
Há então que se perguntar sobre o porquê das centrais, federações e confederações sindicais assistirem a tudo isso, a esses nefastos ataques, em completo silêncio. Aliás, sem despertar interesse em reorganizar suas forças para mostrar à sociedade, a esses segmentos patronais reacionários e suas representações parlamentares que a organização sindical é um direito constitucional, não está morta, mas disposta a lutar para fazer valer esse direito.
O que estaria por trás desse imobilismo? Qual seria a razão para tamanho silêncio? Por que esses organismos que pertencem às instâncias superiores da estrutura sindical brasileira e dizem representar milhões de trabalhadores, não se mobilizam tendo em vista atrair para junto de si os sindicatos afiliados, além de aliados no campo democrático e então travarmos a luta que precisa ser feita de modo a, pelo menos, equilibrar esse jogo? Pois sem luta não há vitória!
Estariam esses dirigentes envergonhados por ter que assumir de público que pertencem ao universo sindical e, por isso, fingem não ser da sua alçada a condução dessa luta?
Frase atribuída ao grande jurista Rui Barbosa diz que “Maior do que a vergonha de não ter vencido é a de não ter lutado”. Sinto-me na obrigação de concordar com esse pensamento, pois é doloroso, mas não desonroso ser derrotado na luta, porém uma vergonha cair sem dar o bom combate.
Texto de Paulo Viana "Paulão" | Presidente da FITIASP
Revisado por José Raimundo Oliveira